Graça e paz car@s amig@s de aprendizagem!!
Apreciando o interesse de vcs pelo debate sobre a criação/desmenbramento da nova Universidade, tenho alguns pontos para considerar com vcs pois creio que o debate deve envolver a comunidade interna em diálogo com a comunidade externa, a sociedade civil. Nunca o contrário: a sociedade local indefinida e manipulável capitanear as discussões. Todos nós sabemos as inconsistências da esfera local na gestão projetos estratégicos como uma Universidade.
Um preliminar que deve ficar clara é a credibilidade dos dirigentes da UFCG que realizaram uma espetacular tarefa de erguer uma Universidade confiável, dinâmica e promissora no Sertão (que inclui Campina Grande). A começar, inegável a capacidade de articulação e condução do Reitor Thompson Mariz, a sinergia dele com os amplos segmentos da Universidade. A começar pelo risco que ele assumiu de iniciar os debates do modo mais democrático possível nessa forma tão imperfeita, mas a melhor para cimentar decisões válidas: com dados iniciais e preliminares aparentemente frágeis. Ponto para a administração: acusada ao mesmo tempo de trazer dados insuficientes (me filio a essa corrente) e ao mesmo tempo de trazer um projeto acabado e definitivo!!!
A nova Universidade precisa de discussão madura. E se decidirmos todos pela reflexão sobre a Universidade que já temos e queremos melhorar, melhor ainda. O Sertão é milenar nos seus ciclos, pode sempre esperar melhor momentos de ver surgir algo efetivamente a seu favor e de seu povo. Já são pelo menos um século e meio de um perverso pacto em que o poder central se sustenta na miséria do Sertão/Nordeste em troca da manutenção de suas elites subservientes em Brasília e despóticas nas suas bases. Os escândalos desde Collor, Sarney, Severinos e Inocêncios da vida (menos prejudiciais ao Brasil que os escândalos sulistas, faça-se o registro) denuncia a ausência ou fragilidade da esfera pública em nossa Região sertaneja.
Por isso a conquista para a Universidade mesmo é realizar o serviço público federal com toda a sua possibilidade ampliada de promover cidadania, democracia, responsabilidades públicas, resultados efetivos e possibilidade de controles e planejamento mais racionais, impessoais, eficientes e com a publicidade necessária ao que é público e oficial.
1-O Nome: se toda Universidade quisesse mudar de nome, ótimo. Não haveria então porque desmembrar. Mas convém levantar o lamentável histórico de manipulações das expressões "Semi-árido", "Nordeste" e "Sertão" desde a seca de 1877.. junto com a fome, retirantes e secas etc esses nomes serviram para criar os maiores bolsões de irresponsabilidade com os recursos públicos e para desculpar toda sorte de desvios e falta de resultados. Além de contribuir para os grupos privilegiados do Nordeste se enriquecessem com a famosa "indústria da seca". Ou seja: na poesia de Catulo e Gonzaga o "Sertão" é glamuroso (sou apaixonado por ele) mas nas políticas públicas tal nome escondeu as maiores lesões aos direitos da população nordestina. Basta ver o histórico de SUDENE, DNOCS, PROINE (enriqueceu muito rico nordestino...empobrecendo mais ainda o povo.). Para mais informações acessem "Durval Muniz de Albuquerque Júnior" e se informem. Celso Furtado também tem belas páginas sobre essa mistificação desfavorável ao povo sertanejo.
2-Os requisitos mínimos. Os dados (incompletos) sobre os requisitos mínimos para a criação de uma nova Universidade apontam para uma realidade crítica. Se a Universidade é uma instituição em contínua tensão e crise, pois tem que administrar interesses muito diversos do seu público interno, imagine a criação de uma a partir de um mínimo legal sem a garantia de manutenção de seus cursos e programas de pós-graduação!! Com o mínimo sobrevive uma parcela do povo brasileiro por falta de partilha da herança social. Assim não vamos aceitar o argumento do mínimo como suficiente. Ele ao contrário depõe contra a criação da nova Universidade. Temos vários cursos ainda em consolidação em todos os Campi, Campus como o de Sousa ainda em construção...Um velha construção da filosofia clássica metafísica reza que "apenas o que é, pode continuar a ser ou pode mudar", pois "o que está ainda em vias de ser, na medida do que muda, ainda não é, e portanto não pode mudar". Quem quiser se informa melhor, lei Boaventura de Sousa Santos, "Pela mão de Alice" a bela descrição que ele faz sobre a Universidade.
3-Falta de foco na essência da vocação universitária. O ensino, a pesquisa e a extensão, ou seja, as atividades e dimensões acadêmicas é que dão vida a uma Universidade e mesmo a configuram constitucionalmente. Sabemos dos avanços nessa área da UFCG, mas com a criação da nova Universidade, os investimentos na estruturação administrativa, a demanda burocrática de atender às exigências de um setor do serviço público super-regulado lança dúvidas sobre a utilização de recursos humanos, físicos e financeiros para as atividades meio (burocracia) em detrimento das sofridas atividades fins (ensino, pesquisa e extensão, capacitação docente.). Basta ver, por exemplo, quantas viagens e quantas diárias são pagas em virtude das atividades burocráticas e quantas são destinadas a custear viagens mais orientadas para as atividades fins precipuamente.
São muitas outras indagações: porque lançar numa guerra quatro cidades irmãs que se digladiarão mais uma vez não cicatrizadas as feridas da última disputa feudal por um curso "prestigiado"? Porque não re-estruturar a UFCG para que ela seja mais republicana e menos imperial, com decisões discricionárias mais confiáveis e transparentes? Porque não alavancar a qualidade do ensino, a gestão de qualidade das ações acadêmicas, a racionalização do uso de recursos de modo mais sustentável (evitando os desperdícios)? Porque não expor para a comunidade o nome de todos os docentes e servidores e seus horários de trabalho ou linhas de atuação? Porque não conseguimos segurar doutores e mestres nos nossos Campi? Será que não é falta de reconhecimento e incentivo das atividades acadêmicas-fim e concentração de poder e decisão na gestão? Como estabelecer um pacto meritocrático de modo a termo excelência acadêmica ao invés de muitas "Suas Excelências" de uma rotina institucional privatizada?
Temos um longo caminho a percorrer como UFCG.
Prof. Pe. Paulo é professor de IED I e II na UFCG, formado em letras, historia, artes, física, mestre em Direitos Humanos, advogado de matérias civis, combatente de injustiças contra moradores de zonas rurais, um grande sábio das vivências humanas e por fim grande pregador da palavra de Deus.
29.8.09
Prof. Paulo Henriques contra o desmembramento:
Postado por Caixinha de Leite às 07:44
9 comentários:
Que poderia eu dizer? Só o curriculo desse homi assusta! uhashuh
NÓS somo seus fãs, padre...
Mas uma vez o Padre mostra a sua sabedoria e sua vontade de transformar a UFCG e a sociedade em esferas socias cada vez melhores... Obrigada meu Deus! por ainda existir profissionais que se preocupam em contribuir na busca de uma sociedade melhor, seja no sertão, seja no litoral, seja no sul, seja no norte... e consequentimente no BRASIL.
Bom nada restou a falar,acho que o padre em um excelente texto demonstrou de forma precisa os nossos argumentos,medos e anseios.
E é com essa expectativa e com a certeza do que fato é melhor e mais viável que avançaremos com o propósito de tornar a UFCG cada dia melhor.
Querido padre Paulo, nosso fraternal abraço em Cristo que, por seu intermédio, se estende a toda a comunidade universitária da UFCG! (Parte 1)
Querido padre Paulo, nosso fraternal abraço em Cristo que, por seu intermédio, se estende a toda a comunidade universitária da UFCG!
Como sempre, sua valiosa contribuição para discussões serenas e profícuas é motivo de orgulho para a "família CCJS" - que o teve como exemplar aluno, e hoje o tem como emérito professor.
Cremos (ao menos eu e o Espírito Santo que habita em mim) que ocorreu erro de condução (na forma de introduzir o debate, no seio da nossa comunidade universitária), sobre a possibilidade (técnica) e oportunidade (política) para a criação de uma terceira universidade federal na Paraíba, com (não por) desmembramento da UFCG, a partir dos campi do Sertão, com inclusão de outros (que o debate revelaria), a exemplo de Itaporanga e São João do Rio do Peixe.
A falta de maior divulgação (a respeito da dinâmica e fases das discussões), cremos, permitiu, por escassez de informação, que os boatos acendessem as imaginações e cada qual passasse a se guiar pelo "eu acho". O informal prevaleceu sobre o institucional.
O processo previa dois momentos distintos: o primeiro, para exame da parte técnica, para coletar, sistematizar e socializar informações sobre números, a fim de que se pudesse avaliar o atendimento ou não, da nova UFCG (a que ficaria sem os campi desmembrados) e da nova Universidade a ser criada (ainda sem nome...), às exigências legais. Exame à luz da CF/88, da LDB e dos seus regulamentos.
Tal fase seria de responsabilidade da Comissão Especial, e esta circularia pelos campi, expondo os dados, para conhecimento geral, socializando as informações e auditando, em cada campus, a exatidão dos dados sobre ele, de forma pública, com a participação de todos.
Até então não se discutiria a questão de oportunidade, ou, a questão política da criação. Essa segunda fase só se iniciaria depois de finda a primeira e se os números demonstrassem que ambas as instituições atenderiam às exigências legais.
Então, teríamos a segunda fase, com dinâmica própria, por intermédio de discussões conduzidas por comissões setoriais, cada campus com a sua comissão, examinando todos os prós, todos os contras e avaliando, no final, a respeito da conveniência ou não de se criar a nova Universidade, a respeito das exigências a serem feitas ao governo para que a criação pudesse se realizar, mediante um projeto, fruto da reflexão madura de nós todos, pois ai, e somente ai, a sociedade civil teria espaço significativo para manifestação.
Atropelamos o processo e ainda estamos misturando tudo! Quem perde com isso, se é certo que ninguém ganha com a oportunidade frustrada de aprender com a discussão???
O que é mesmo que o sistema jurídico brasileiro exige para a criação de uma universidade federal? As duas instituições em estudo preencheriam ou não tais condições? Se não, o que estaria faltando? O Governo estaria ou não disposto a conceder o que faltasse, se faltasse? Sem essas reflexões, estaríamos caminhando, o amigo está coberto de razão, como cegos que guiam cegos.
Querido padre Paulo, nosso fraternal abraço em Cristo que, por seu intermédio, se estende a toda a comunidade universitária da UFCG! (Parte 2)
Respeitamos a opinião dos que imaginam que é necessário, primeiro, fazer o bolo crescer para depois repartir; aperfeiçoar o sistema democrático para que o povo, depois, possa votar e ser votado; confiar que os especialistas, eles sim, sabem onde o meu sapato aperta muito mais e melhor do que meus próprios pés... respeitamos e devemos respeitar sim, sem preconceitos e sem complexo de inferioridade, porém, ousamos divergir de tal filosofia, em face de exemplos históricos que temos vivido, como a espera do crescimento do bolo de Delfim Neto, do pós-doutorado para Lula poder ser presidente, do especialista que sente as minhas dores...
Apenas para reflexão: o que seria se...
1- O Padre Inácio de Sousa Rolim (ao invés de enfrentar os bichos selvagens do sítio Cajazeiras) estivesse esperado a fazenda virar vila e a vila virar cidade para, depois, criar um colégio...
2- Dom Zacarias tivesse aceitado o “eu acho que Cajazeiras ainda não tem as condições de criar uma faculdade” dito por um “especialista sulino” quando se discutia a criação da FAFIC...
3- O CCJS estivesse aguardando o seu curso de Direito chegar ao conceito "A", para, só depois, criar outros cursos...
Caminheiros, não existe caminho (afora Jesus)... o caminho se faz ao caminhar...
Caminhemos com dois pés: expansão e consolidação... os olhos nas estrelas e os pés no chão... e vamos fazendo enquanto vamos aprendendo a fazer!
Muito inspirador.
To passada... e meu espirito santo tambem...
É fato de que todo progresso em qualquer situação veio de um determinada iniciativa mas todo projeto deve ser construído e não adquirido ou por herança.
Se o presidente quer uma nova faculdade,faça! Sousa bem como as outras cidades tem condição mas aqui fala-se que,
Os recursos para criação são diferentes,Certo.Ok.Então basta que invista-se em outra faculdade,afinal de contas os recursos são outros mesmo.Mas,nquanto UFCG os recursos destinados tem tido sucesso e apesar de todas as nossas carências temos tido uma boa administração.
Logo,não há necessidade de desmembrar,uer onstruir? Que seja construido um sucesso que comece do zero ( outra faculdade) e tratando-se da UFCG que permaceça em processo de avanço continuo.
Para tranquilizar os espíritos: O padre PAULO HENRIQUES aceitou participar da Comissão Especial para análise e discussão da viabilidade da criação de uma Universidade Federal no Sertão da Paraíba. Tem mais, é o Presidente da Comissão.
Os demais membros são 2 professores representantes da unidade acadêmica de Direito e 2 da unidade acadêmica de Contábeis.
Acreditamos que a serenidade e o bom senso assumirão o comando.
Boa sorte aos membros e sucesso nos trabalhos.
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